O indicador de dívidas em atraso apresentou, em abril, um aumento de 2,83% em relação a março – o maior crescimento para o mês desde o começo da série histórica, em 2010, de acordo com o banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Na comparação com abril do ano passado, houve alta de 5,02%, o que mostra uma aceleração, já que em março a alta havia sido de 3,46% em relação ao mesmo mês de 2014.

O número de devedores também teve alta em abril, tanto na comparação mensal quanto anual. Em relação ao mês anterior, a base de inadimplência avançou 1,16%; já na comparação com abril do ano passado, a alta foi de 3,77% – muito similar aos 3,76% verificados em março de 2015 ante o mesmo mês do ano anterior.


Quatro em dez brasileiros estão inadimplentes

O SPC Brasil estima que, entre março e abril de 2015, cerca de 600 mil consumidores foram incluídos em listas de devedores negativados. Com este resultado, já são 55,3 milhões de devedores, número equivalente a 37,9% da população entre 18 e 95 anos.

Segundos os especialistas do SPC Brasil, os dados apurados mostram que a pressão exercida pela alta da inflação, pelo aumento das taxas de juros e pela piora dos indicadores econômicos, como renda e emprego, se sobressaíram à queda na base de crédito da economia, resultando no avanço no número de devedores. “Os bancos passaram a ser mais rigorosos na hora de conceder financiamentos, mas com o desemprego atingindo níveis mais altos e a inflação subindo, o consumidor fica com maior dificuldade para pagar suas pendências”, explica Honório Pinheiro, presidente da CNDL. “A aceleração da inflação faz com que o planejamento financeiro seja prejudicado, já que há perda constante do poder de compra. Além disso, a escalada nas taxas de juros encarece as parcelas”, afirma Pinheiro.


Dívidas atrasadas em até 180 dias avançam 6,99% em abril

A variação mensal do número de dívidas em atraso, que teve alta de 2,83% em abril, tem como destaque as pendências em atraso entre 90 e 180 dias, que avançaram 6,99%, e as dívidas com até 90 dias de atraso, que cresceram 5,71%.
Em relação a abril de 2014, a faixa que registrou maior variação foi das dívidas com 3 a 5 anos de atraso, com aumento de 14,59%, e que contribuiu com 4,09 pontos percentuais para a alta de 5,02% do indicador.


Comunicação lidera os segmentos com dívidas atrasadas

A abertura dos credores das dívidas mostra o segmento de Comunicação liderando a alta anual do número de pendências: em abril, o setor apresentou um aumento de 12,10% do total de dívidas. No entanto, a segunda maior variação, que vinha sendo registrada pelo segmento de Água e Luz, foi substituída pelo setor de Bancos, cuja variação anual foi de 7,53%. O Comércio, por sua vez, recuou 0,32%.
No total de dívidas em atraso, o segmento de Bancos continua liderando com 48,43% de participação – quase metade das dívidas. Em seguida, aparece o Comércio, com 20,10%, e Comunicação, com 15,23%.